RIOVOLUTION

RIOVOLUTION é uma marca comportamental, jovem, desafiadora, que nasce com muitas pretensões incrustadas em seu DNA. Um Rio de Janeiro cool e diferente. Com assinatura. Com qualidade. Com vontade de estar vestindo as pessoas mais interessantes da cidade. E fora dela também.

[ R2L ] Há mais de 20 anos, você cria marcas para o mercado. Agora é a sua vez de criar e gerir sua própria marca. Qual a diferença?
Comecei com a Wox há mais de 20 anos observando claramente uma lacuna de mercado na época. O design no RIo era preso, careta, com muito pouco de ousadia em seu discurso. Isso era distante do que queria fazer pros clientes. Nossa proposta era baseada nas Activation Agencies americanas daquela época. Era um momento de ouro no design mundial. E pra variar, o Brasil estava engatinhando. Na Wox, éramos sinônimo de vintage. De pujança visual. De quente. Nada de morno. Era melhor chocar o cliente do que dar a ele o que talvez já tivesse. No Pain, no gain!!!! Queremos fazer agora o mesmo pela Riovolution. O Rio sempre foi referência em streetwear, com a Company, Bee, Yes Brasil e tantas outras. Isso de alguma forma se perdeu. Acho o trabalho da Reserva bem legal. Mas ele é plural e abrangente. A Riovolution é focada. Somos T-Shirt. Somos RIO. Somos legais! E queremos mostrar que podemos ter qualidade também. Ter uma malha bem ao estilo americana. Sem encolher dois números quando lavada.

[ R2L ] Nas últimas décadas, o conceito de branding evoluiu bastante. Como o Brasil se posiciona em relação ao mercado internacional?
O Brasil melhorou muito com o acesso. A internet foi nossa caixa de Pandora. Abrimos um mundo referencial. Temos tudo ao toque de um mouse. O Google é a biblioteca da Babilônia moderna. Mas com o conhecimento vem a responsabilidade. E as cópias, é claro! Temos de saber usar a referência pra evoluir um trabalho e não para  criar algo igual ao que estamos vendo. E saber usar todo o ferramental que está ao nosso alcance pra criar uma revolução pessoal. O RPM preconizou isso nos anos 80. ‘Revoluções por Minuto’. Somos nossos próprios Andy Warhols! Queremos mudar o mundo. Mas no campo das artes, onde tudo já foi feito um dia, e com brilhantismo, fica árdua essa tarefa. Mas, ferramentas não faltam. Temos um Michelangelo e um Da Vinci aprisionados em nossos Macs e Photoshops. Ghosts in the machine!

[ R2L ] Por que ‘Riovolution’?
Somos o carioca revolucionario internacional! O playboy dos anos 50. Queremos uma revolução incomodativa, que tire esses seres que vagam pelas ‘Viscondes de Pirajá’ da vida do conforto de suas vidinhas. Voltar a criar, a fazer, a experimentar, a fazer acontecer. Vamos ser brancos ou pretos. Nunca bege!!!!

[ R2L ] O que é ser carioca?
Ser carioca hoje é ser raivoso. Com uma cidade babilônica caótica e em frangalhos. O carioca hoje é por si só, um pseudo revolucionário. Temos uma revolta contida. E ela precisa de vozes na multidão. A T-Shirt sempre teve esse papel panfletário. Um ato silencioso estampado no peito. Somos alegres, isso está incrustado na gente. Mas estamos mudados. Queremos mais. Cobramos mais. Exigimos mais. E mais uma vez, a internet nos ajudou muito. Nos unimos pelo Facebook e passamos a ter uma multidão binária. Coisas do novo milênio.

[ R2L ] O Rio sempre foi tema de coleções de grandes grifes da moda. Alguma delas pode ser considerada ‘especialista em Rio de Janeiro’?
Já tivemos, como falei antes: Company, Bee, Yes Brasil… Mas isso mudou. Perdemos aquele orgulho carioca. Precisamos de uma marca ‘manifesto’. Que fale o que queremos dizer, mas com graça e bom humor. Atributos peculiares ao nosso constante estado de espírito carioca da gema. Ser carioca sempre foi ser malandro. Não ladrão ou assassino. Ser esperto. Ter seu próprio slang. Suas maneiras únicas. Precisamos estampar isso de forma criativa. Hoje o mundo fashion brasileiro é dominado pelos paulistas. O carioca precisa reconquistar seu espaço.

[ R2L ] Quais os prós e contras de gerir uma marca que se propõe a refletir uma cidade?
Temos que mostrar que o Rio de Janeiro continua lindo. E continua sendo! Sendo nosso. Sendo do carioca. De um povo alegre, de bem com a vida e que exporta esse jeito de ser pro mundo. Nosso sotaque com  “xis” é trademark. Não existe uma marca, uma chancela carioca que reflita isso. Ou é careta, ou é cafona. Produto de camelô. Precisamos de um trademark carioca legítimo. E o Rio2Love vai ser isso. Uma marca pra gente se orgulhar. Pra gente vestir. Pra decorar a casa. Aqui e fora daqui. Uma marca do RIO pro mundo.

[ R2L ] Quais os planos com o Riovolution?
Decantar. Descolar do Rio2love. Se tornar um fashion brand. Vida própria. Uma marca mais focada num segmento específico. Vestir quem a gente acha que tem a cara da marca. Gente bacana.

[ R2L ] Toda revolução tem um objetivo. Que tipo de transformação você gostaria de ver na cidade?
Ver os padrões de normalidade dos Estados Unidos e da Europa instaurados aqui. Fugir dessa novela pseudo-mexicana misturada a um livro de George Orwell. Acabar com o lado malandro da nossa cidade. Deixar de lado o aspecto opressor que beira a insanidade coletiva que aflige essa cidade. Já fomos bem melhores do que isso. Já fomos referência no mundo como a porta cultural do cone sul. Precisamos descobrir onde foi que nos perdemos. E retomar nossa vocação verdadeira. Não precisamos de armas pra nossa revolução pessoal tupiniquim. Precisamos de trabalho. Inspiração. E muita transpiração.

[ Bio ]
Toni Varella é designer e atua no segmento há mais de 22 anos com sua agência Wox Branding. Tem trabalhados publicados em vários anuários internacionais e tem sua assinatura reconhecida em várias marcas espalhadas pelo Brasil e até mesmo fora dele. Foi o precursor de várias linhas gráficas que hoje estão na moda.

Search